Como pode algo do passado estar controlando um comportamento no presente?
Muitos podem ficar incrédulos e até mesmo não conseguir entender como que um comportamento (e sentimento) que foi instalado no passado, pode ainda estar manifestando. Altera se o passado para mudar um comportamento no presente? Não é bem assim.
Na verdade, as contingências de reforçamentos que facilitaram a instalação de tais classes de comportamentos e sentimentos no passado ainda que não estejam mais presentes, há correlações com estímulos(eventos) equivalentes ou até mesmo semelhantes, capazes de evocar e eliciar (disparar) o que tanto se estranha estar acontecendo com uma pessoa.
Excessos de cobranças, repreensões, críticas, reprovações que ocorreram no passado por uma figura de autoridade (pai, mãe, padrasto, madrasta, avô, avó e afins.) dentro de um lar, podem realmente não estar mais presente, porém as características de um chefe novo, um professor, um cliente que demonstram ser muito imperativo ou autoritário, pra não dizer abusivos em suas relações, podem ser equivalentes o suficiente para evocar e eliciar (disparar) respostas típicas de aceleração cardíaca, sudorese, tremores, sensação de falta de ar, rosto afogueado, ou seja, respostas típicas de ansiedade ou medo, além da emissão de respostas típicas de afastamento ou distanciamento de tais personagens. Não será difícil ouvir pessoas relatando que passaram a se sentir muito mal nestes locais atuais.
Talvez agora começa a ficar claro pra você porque que muitas pessoas vão querer admitir que tais sensações surgem do nada. Será nada mesmo?
A coisa, pode piorar, quando o sujeito não tem recursos para desenvolver repertório para lidar com isso, bem como tem poucas chances de emitir comportamentos de fuga e ou esquiva, ou seja, não tem para onde fugir, o quadro pode evoluir para condições clínicas mais acentuadas e até mesmo com somatizações graves além de multiplos comportamentos de submissão e passividade, tornando-se evidente uma relação exploratória às vezes aos olhos dos outros.
As consequências de um ambiente atual como este, pode não só facilitar como também perpetuar o quadro sintomático da pessoa. Logo, o passado se faz presente, perante as contingências de reforçamento atuais. Contingências de reforçamento, são relações entre um organismo e um ambiente. O organismo aqui citado, no caso é a pessoa que se comporta. E ela se comporta num ambiente, que por ora, traz semelhanças ou equivalências com fatos e eventos ocorridos no seu passado. A terminologia reforçamento também esclarece como que muitos comportamentos nossos podem ser mantidos em virtude das próprias consequências que eles produzem, saiba mais!
Sem dúvida a medicação contribui e muito, porém ela não alterará as contingências de reforçamento por si só que estão produzindo, ou mantendo o sofrimento do indivíduo. O medicamento, no caso, altera o funcionamento do indivíduo para que ele possa alterá-las tais contingências de reforçamento, mas para isso ele precisa conhecê-las, eis ai o terreno fértil para o autoconhecimento.
O psicoterapeuta, analista do comportamento, tem como objetivo propor intervenções com este cliente, capazes de alterar as contingências de reforçamento das quais os sintomas ou mesmo crises são função, levando-o a perceber como manipular diretamente tais contingências via novos comportamentais.
As contingências podem ser repletas de contextos, os quais trazem múltiplos estímulos (inclusive outras pessoas são ambiente para o sujeito que está sendo analisado). Estímulos com funções variadas, desde acolhedoras até ameaçadoras e aversivas para uma pessoa. Se é ameaçador ou aversivo, os sentimentos que dai decorrem, com total certeza, são de medo, ansiedade, pavor, pânico, tristeza e angústia. Se são amenos e acolhedores, os sentimentos são de satisfação, alegria e liberdade.
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Rolemberg Martins – CRP: 0429906